[TP 2] Estudo de caso: Superkilen - Apresentação
- Lia Soares
- 21 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de set. de 2020
O parque Superkilen é um projeto dos escritórios Bjarke Ingels Group (arquitetura e urbanismo), Topotek 1 (paisagismo) e Superflex (arte) para uma das áreas mais etnicamente diversas de Copenhage, Dinamarca. Foi concluído em 2012 e possui cerca de 33 000 m².
Imagens por Iwan Baan. Fonte: Archdaily.
O projeto foi feito no contexto da revitalização urbana de parte de um bairro residencial dinamarquês cuja dinâmica estava se aproximando daquela de um "gueto", com altas taxas de violência e criminalidade. O bairro - Mjølnerparken - e sua vizinhança tem grande concentração de imigrantes, com mais de 60 nacionalidades.

Localização do parque. Edição de imagem de satélite pela autora.
Fontes: Google Maps; Google Earth.
Em seu livro Hot to Cold, Bjarke Ingels escreve que o princípio norteador do projeto foi explicitar essa diversidade, mostrando como a comunidade dinamarquesa não é mais homogênea, não mais "uma nação de pessoas loiras de olhos azuis com uma visão de mundo pragmática e secular". Para criar um senso de comunidade, de propriedade, de pertencimento, a abordagem do projeto foi feita de maneira a ser "um exercício de extrema participação do público". Ao invés de criar o design por si próprios, correndo o perigo de cair em estereótipos, os escritórios organizaram uma espécie de curadoria em que convidaram os moradores locais a enviar ideias e propôr elementos de seus países de origem, e então revisaram e editaram a multitude de propostas. Um design feito de pessoas para pessoas, que é uma verdadeira amostra da diversidade cultura da Copenhage contemporânea.
O mobiliário inclui um ringue de boxe tailandês, um playground em formato de polvo do Japão, uma fonte marroquina e um escorregador em formato de elefante que veio de Chernobyl, Ucrânia, que teve de ser criada uma réplica, porque o original era radioativo. Do Brasil, foram postos um banco de praça com anúncio da loja de calçados Passo Firme, vindo de São José; outro banco de praça vindo da Praça da Piedade, em Salvador, desenhados por João Figueiras Lima, conhecido como Lelé; e bancos de bar desenhados para o SESC Pompeia em São Paulo, pela Lina Bo Bardi. No livro são mencionados dois orelhões, porém não foram encontradas fotos e não constam na lista de objetos do parque organizada pelo Superflex.
Da esquerda para a direita: banco de São José, banco de Salvador, bancos de bar de São Paulo. Fontes: MaxContext; Google Images; E-Architect.
O parque é dividido em três zonas. A praça vermelha (the Red Square), ao sul, é definida pelas avenidas e pelos limites dos lotes adjacentes ao parque. É uma extensão da vida dos moradores do bairro, e isso transparece pela tinta vermelha que desce das paredes ao piso. A feira livre local é realizada nesse espaço, que também conta com áreas para realização de esportes e locais de encontro.

Imagem por Iwan Baan. Fonte: Archdaily.
A praça preta (The Black Square) é o coração do parque, onde os moradores se encontram ao redor da fonte marroquina, realizam piqueniques, jogam jogos de tabuleiro, vigiam as crianças brincando nos playgrounds, etc. A pintura no chão direciona o fluxo de pedestres e ciclistas.

Imagem por Iwan Baan. Fonte: Archdaily.
A praça verde (The Green Square) é a praça centrada em áreas de esporte, contando com campo de futebool, arena de hockey e quadra de basquete. Possui pequenas colinas com piso gramado, onde as pessoas podem se encontrar para piqueniques, tomar banhos de sol, correr ao livre.

Imagem por Mike Magnussen. Fonte: Archdaily.
REFERÊNCIAS
AGA KHAN FOUNDATION. Superkilen. Disponível em: https://www.akdn.org/pt/architecture/project/superkilen. Acesso em: 21 set. 2020.
ARCHDAILY. Superkilen / Topotek 1 + BIG Architects + Superflex. 2012. Disponível em: https://www.archdaily.com/286223/superkilen-topotek-1-big-architects-superflex?ad_medium=gallery. Acesso em: 21 set. 2020.
BJARKE INGELS GROUP. Superkilen: projects. Disponível em: https://big.dk/#projects-suk. Acesso em: 21 set. 2020.
FREARSON, Amy. Superkilen by BIG, Topotek1 and Superflex. 2012. Disponível em: https://www.dezeen.com/2012/10/24/superkilen-park-by-big-topotek1-and-superflex/. Acesso em: 21 set. 2020.
INGELS, Bjarke. Public Participation Extreme: Superkilen Urban Park. In: INGELS, Bjarke. Hot to Cold: an odyssey of architectural adaptation. Nova York, Copenhage: Taschen, 2017. p. 416-433.
LOMHOLT, Isabelle. Superkilen Copenhagen. 2016. Disponível em: https://www.e-architect.co.uk/copenhagen/superkilen. Acesso em: 21 set. 2020.
SAMSON, Kristine; ABÁSOLO, José. The Trace of Superusers: From Santiago Centro to Superkilen in Copenhagen. Disponível em: https://www.mascontext.com/tag/superkilen/. Acesso em: 21 set. 2020.
SUPERFLEX. Superkilen: Superkilen's 108 objects and their history. Disponível em: https://superflex.net/tools/superkilen/. Acesso em: 21 set. 2020.
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